Meu avô
Vou falar um pouco sobre a história de um ex-combatente da minha família, o meu avô. Ele combateu em Angola. Foi para lá com 21 anos até aos seus 23 anos (1965 – 1967).
O quartel onde dormia era grande e feito de madeira. Cada divisória era dividida por cerca de 10 a 20 pessoas que dormiam em camas individuais. Só os enfermeiros, os cozinheiros e os que não estavam na sua hora de serviço é que podiam dormir de pijama. Outros tinham de dormir com a roupa que levavam a combater. “Tínhamos de estar prontos para, se houvesse algum ataque, estarmos prontos a correr”.
Quando iam para os “campos de batalha” tinham de ir bem preparados, para dormir em covas que se faziam no chão, mas que não protegiam das chuvas. Podiam chegar a dormir nessas covas 8 dias, sem regressar ao quartel. Iam também preparados para as suas refeições. Levavam bolachas de água e sal, latas de queijo, latas de marmelada, latas de carne de vaca moída e água. Levavam também comprimidos para que, quando a água dos cantis se acabasse, pudessem retirar água do rio e bebê-la. Esses comprimidos tratavam da água.
Preparação para a Guerra
O meu avô não gostava de ir combater, pois tinha medo de andar pelos caminhos, pois sabia que o lado oposto atirava bombas, para que eles morressem.
Os armamentos eram muito pesados e grandes. Cada arma levava cerca de 1000 balas que eram postas num cinto. A arma mais usada era a G3, a qual o meu avô usava, que era a mais leve.
Ao combater, o meu avô torceu um pé. Para não ir para os campos de guerra, ele dizia que tinha mais dores.
Quartel
“Tinha, no quartel, um macaquinho que, quando os meus colegas da minha divisão deixavam canetas ou folhas de papel em cima da secretária, ele ia roubá-las, ia para cima da minha cama e começava a fazer riscos.”
O meu avô, no quartel, foi para ajudante de cozinha, em princípios de 1967. Como era óbvio, comia-se muito melhor.
Como estavam muito longe do aeroporto, tinham de ser levados por carros que, pelo caminho, estavam sempre a avariar. Quando se veio embora, ele foi apanhar o barco, que ia de 1 em 1 mês buscar e levar os que saíam ou entravam. Ele perdeu-o e por isso teve de esperar mais 2 meses, porque no mês seguinte o barco não foi a Angola. O barco mais rápido demorava de Lisboa a Angola cerca de 10 dias e o barco mais lento demorava cerca de 13 a 14 dias. Depois emigrou para França, onde ficou durante 12 anos.
“ Apesar de tudo Angola era uma terra bonita, era pena os muitos terroristas que lá havia”
Rute Mamede
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