O meu avô, Mateus Mendes, nasceu em 1933, em Alcains, distrito de Castelo Branco, no mesmo ano da Constituição de 33, feita por Salazar, onde eram reconhecidos os direitos e as liberdades dos cidadãos, os quais, na realidade, não eram cumpridos, retirando as liberdades, reforçando o poder do Estado Novo, logo de Salazar.
Nessa altura, vivia-se em ditadura, as pessoas eram controladas por uma polícia política (PIDE), que vigiava e proibia as liberdades individuais das pessoas, nomeadamente, a liberdade de expressão. Salazar proibiu todos os partidos à excepção do partido oficial (União Nacional), enviava para prisões todos os que mostrassem oposição a este partido.
Estes acontecimentos desencadearam sentimentos de revolta no povo português e, assim, no dia 25 de Abril de 1974, rebentou uma Revolução em Lisboa, organizada por militares, que pôs fim ao Estado Novo.
Nessa altura o meu avô tinha 41 anos, vivia em Alcains, era casado e tinha três filhos de onze, nove e sete anos. O meu avô conta que, de manhã, ouviu na rádio a notícia sobre a Revolução. Se por um lado, ficou na expectativa de que, finalmente, se instalasse a Liberdade e a Democracia, por outro, ficou muito preocupado com a segurança do seu filho mais velho que estudava no Colégio Militar em Lisboa, entrando, imediatamente, em contacto com uma sua irmã, que vivia na capital e cujo marido era Oficial da Marinha, para estar ao corrente de tudo o que se estava a passar.
Naquele dia de manhã, tal como todos os dias, as suas filhas mais novas foram para a escola. Contudo, quando lá chegaram, foram avisadas, pela funcionária da escola, tal como todas as alunas daquela escola (frequentada apenas por meninas), de que naquele dia não haveria aulas devido à Revolução. O medo e a insegurança instalaram-se nas pessoas: as professoras, naquele dia, não compareceram na escola; o meu avô receava pelo seu futuro, pois era sócio fundador de uma empresa que iniciara a sua actividade há pouco tempo, mais precisamente em 1966; amigos do meu avô foram, à noite, a sua casa para conversarem sobre o que se tinha passado, em Lisboa, mostrando grande preocupação e receio.
Apesar de ter decorrido em Lisboa, a Revolução dos Cravos também foi sentida noutros locais do país, os portugueses reagiram com entusiasmo na esperança de, finalmente, alcançarem a Liberdade.
O meu avô, avó, tia e tio (antes do 25 de Abril)
O meu avô, mãe e avó (após o 25 de Abril)
A minha avó e avô
Catarina Mateus
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