quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Recontar do passado

Uma breve história começa como todas: com a apresentação dos intervenientes. Isto passou-se com o meu bisavô José Reis e perdura no seio da minha família, ao longo das gerações. Passo desde já a explicar; o meu bisavô era um claro opositor ao regime salazarista (fascismo).

            Em conversas privadas, com amigos, dizia tudo o que se poderá imaginar do fascismo. No fundo, criticava a falta de liberdade imposta por Salazar, bem como as medidas tomadas por este governante que levaram a população portuguesa à miséria.

Dentro do ambiente familiar, as críticas eram muitas e duras, mas, em locais públicos, o descontentamento teria de ser escondido, devido ao constante controlo do Estado em perceber quais seriam os opositores.

Num certo dia (não sabendo especificar qual, mas ainda há a recordação do ano de 1947) houve um deslize e o meu bisavô foi ouvido por membros da PIDE, enquanto criticava duramente o regime de Salazar. Assim, foi levado para interrogatórios duros e mais tarde para o Forte de Peniche (uma das principais prisões políticas), onde esteve aprisionado durante aproximadamente um longo ano.

As condições eram muito deficientes e não podiam comunicar com os familiares. Nas visitas, as conversas eram escutadas e todos os manuscritos eram vistos e revistos até ao mais ínfimo pormenor, de modo a não haver dúvidas de que tal documento não ia contra o regime.

Assim foi a história do meu bisavô que, suportando as condições impostas por Salazar, após ter deixado o Forte de Peniche, não deixou de criticar o seu regime, embora, depois do que já vivera, com cuidado redobrado.




João Reis 

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