terça-feira, 31 de maio de 2011

A Guerra Colonial

      Este trabalho foi elaborado com o objectivo de dar a conhecer a vida em plena guerra colonial (mais propriamente, a vida do meu avô em Angola).
Em 22 de Abril de 1955, o meu avô entrou no exército, passando por soldado e 2º Cabo. Entrando na guerra já como 1º Cabo. Durante a guerra, passou ainda pelos cargos de Furriel, de 2º Sargento e, já no final da mesma, de 1º Sargento. Ainda antes da reforma, passou pelos cargos de Sargento Ajudante e Sargento Chefe.
      Em Março de 1963, chegou a Angola (sozinho). A 25 deste mês, viajou para o Norte de Angola, para Noqui (junto ao rio Zaire); onde esteve 10 meses numa guerra de Guerrilha, no meio do capim.
Mais tarde, em Janeiro de 1964, dirige-se para Sul, para Sá da Bandeira, onde fica 17 meses. Desta época, conta uma história que se passou em Março de 1965:
“No dia 13 de Março, levam um jipe (comandante da coluna) e 5 jipões (transporte pessoal e instrumental) a Moçamedes para tomar parte das festas da cidade. A meio do caminho, houve uma avaria nas viaturas, necessitando de troca de peças de um carro para o outro. Chegaram à cidade com uma viatura rebocada. No dia 14, procedeu-se ao desfile e perto das 11 horas da noite, o comandante avisa a saída do dia seguinte, às 5 horas da manhã. Assim foi. Ao chegar a Vila Arriaga, abasteceram as viaturas. Na subida da Serra da Chela, novamente uma avaria, sendo necessário outra vez a mudança de peças. Quando chegaram a Sá da Bandeira, iam 2 viaturas a reboque e o comandante já tinha preparado um piquete para ir procurar a coluna que vinha de Moçamedes, devido à data de 15 de Março (nascimento do terrorismo em Angola).
Em Junho de 1965, já com o cargo de 2º Sargento, voltou para Portugal Continental, tendo-se instalado em Aveiro com a família, até aos princípios de Maio de 1966.
Em Junho de 1966, regressa sozinho a Sá da Bandeira. Mais tarde, juntou-se-lhe a família (a esposa e o filho mais velho, com quatro anos). Foi nesta localidade que nasceu a sua filha, em Março de 1968. Nestes mesmos anos, não houve existência de guerra bélica.
Em Fevereiro de 1969, regressa de novo ao Continente.
Um ano depois, regressa a Angola. Desta vez para uma localidade denominada Salazar (actualmente N’Dalatando); onde permaneceu 5 anos. Foi aqui que nasceu o seu terceiro filho, em Maio de 1972. Nesta altura, foi promovido a 1º Sargento.
Em Março de 1975, regressaria a Portugal Continental; onde permanece até hoje.
Neste trabalho, acho que é importante focar que o meu avô só esteve em confronto directo uma vez, pois das outras vezes que foi para Angola, foi com a família; logo não poderia situar-se numa zona de guerra.























Rodrigo de Oliveira Baptista   

sábado, 28 de maio de 2011

A emigração para Angola

José Joaquim Machado (bisavô paterno) nascido 1901, na aldeia de Ervas Tenras, concelho de Trancoso, distrito da Guarda, emigrou 1908 para Angola, acompanhado por um familiar. Isto aconteceu, porque era o mais novo de quatro irmãos, de uma família pobre que vivia da agricultura e da pastorícia, cujo pai, no início do século XX, emigrou para o Brasil, em busca de uma vida melhor. Contudo, nunca mais deu notícias. Assim, José foi obrigado a partir para Angola, com apenas sete anos, também à procura de uma vida melhor e de um bom trabalho, de maneira a ajudar a família.
             Tal como José, Filipe Franganito pertencia também a uma família pobre que vivia da agricultura. À semelhança de muitas famílias, a sua emigrou para Angola, quando era muito novo.
Em Angola, tanto José como Filipe, desempenharam várias funções. Durante os últimos anos de trabalho, ambos trabalharam na construção do caminho-de-ferro de Benguela, reformando-se na mesma empresa. Foi graças ao seu trabalho, e de muitos mais, que foi possível terminar a construção do caminho-de-ferro que ligaria o porto do Lobito ao Congo.

Trabalhadores das oficinas do caminho-de-ferro de Benguela (Luso)

José Machado casou-se com Gracinda de Jesus Panarra. Deste casamento, nasceram três filhas, entre elas Maria de Lurdes Machado, que viria mais tarde a casar com o único filho varão de Filipe Franganito e de Maria de Jesus Matoso, Romeu Martins Franganito. Desta união (1961) nasceram Élio Carlos (1962) e Marisa Dilma (1966).
       Gracinda e José Joaquim




Filipe e Mª de Jesus Franganito



Casamento de Mª de Lurdes e Romeu Franganito


Arvore Genealógica


Catarina Mateus 





quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Recontar do passado

Uma breve história começa como todas: com a apresentação dos intervenientes. Isto passou-se com o meu bisavô José Reis e perdura no seio da minha família, ao longo das gerações. Passo desde já a explicar; o meu bisavô era um claro opositor ao regime salazarista (fascismo).

            Em conversas privadas, com amigos, dizia tudo o que se poderá imaginar do fascismo. No fundo, criticava a falta de liberdade imposta por Salazar, bem como as medidas tomadas por este governante que levaram a população portuguesa à miséria.

Dentro do ambiente familiar, as críticas eram muitas e duras, mas, em locais públicos, o descontentamento teria de ser escondido, devido ao constante controlo do Estado em perceber quais seriam os opositores.

Num certo dia (não sabendo especificar qual, mas ainda há a recordação do ano de 1947) houve um deslize e o meu bisavô foi ouvido por membros da PIDE, enquanto criticava duramente o regime de Salazar. Assim, foi levado para interrogatórios duros e mais tarde para o Forte de Peniche (uma das principais prisões políticas), onde esteve aprisionado durante aproximadamente um longo ano.

As condições eram muito deficientes e não podiam comunicar com os familiares. Nas visitas, as conversas eram escutadas e todos os manuscritos eram vistos e revistos até ao mais ínfimo pormenor, de modo a não haver dúvidas de que tal documento não ia contra o regime.

Assim foi a história do meu bisavô que, suportando as condições impostas por Salazar, após ter deixado o Forte de Peniche, não deixou de criticar o seu regime, embora, depois do que já vivera, com cuidado redobrado.




João Reis 

Vida até a 1950

Como todos já ouvimos falar a vida até 1950 não era nada fácil. Além de Portugal estar atrasado em relação aos outros países, a vida no Estado Novo também não era fácil (sempre em relação à vida em que vivemos hoje). Mas passemos a um caso mais concreto: o dos meus avós.
Ambos os meus avós nasceram em 1934 numa aldeia chamada Louriçal do Campo. Ambos fizeram a 4ªclasse (era máximo de escolaridade que a gente pobre atingia) e o exame da 4ª Classe em Castelo Branco, na qual a minha avó teve distinção.
A sua alimentação era pobre. O seu almoço (pequeno-almoço no nosso tempo) era constituído por:
·         Feijão-frade ou batatas cozidas com carne de porco (presunto, enchido, …), no caso da minha avó;
·         Quanto ao meu avô, também feijão-frade refogado com cebola e broa.
O Jantar (nosso almoço) era um pouco melhor embora comessem todos da mesma panela de barro:
·         Ao feijão-frade que sobrava do almoço juntava-se hortaliça para fazer uma sopa, seguida de pão, carne de porco e azeitonas (avó)
·         Caldo de feijão com couves (quando havia) e pão com toucinho, com 1\3 de sardinha ou só pão.
No caso da Ceia (Jantar), comiam em frente à lareira e era normalmente igual ao Jantar ou então:
·         Batatas cozidas com pão, azeite e vinagre ou então nada (no caso de cansaço depois do dia de trabalho)
Nos Domingos normalmente não se muda grande coisa mas era só nestes dias que se bebia café e se comia o pão de trigo (os restantes dias era há base de pão de centeio e broa)
Nos Dias de Festa como S. Fiel (que se celebra no último fim-de-semana de Agosto) comia-se outra coisa e cada um no seu prato o que não era usual:
·         Em vez carne de porco, comia-se borrego ou galinha e ainda uma sobremesa (arroz-doce)
·         Ou então arroz com peixe ou carne ou então batatas com bacalhau e arroz-doce
A roupa nas aldeias também era muito rudimentar:
·         Nas raparigas era usual blusas de chita de manga comprida; saias de fazenda; normalmente descalços (no caso da minha avó, como o seu pai foi sapateiro tinha sapatos muito apertados). Depois tinham uma roupa específica para a missa de domingo (o chamado fato domingueiro que era constituído pela melhor roupa que se tinha)
·         Nos rapazes (dias de trabalho) eram calças e camisas riscada rotas ou remendadas; botas com rasto de pneu (mais tarde). Roupa domingueira (no caso do meu avô com uns sapatos depois do exame da 4ªclasse)
Nos jogos existia tal como hoje o jogo do pião; jogo dos botões; jogo do descanso (normalmente chamado jogo da macaca); jogo da amarra; jogo do anel; etc.
·         No caso das raparigas brincava-se aos professores; mães e filhos; faziam-se bonecas de trapos e roupas para estas mesmas
·         No caso dos rapazes o futebol (com bola de trapos ou bexiga de porco); eixo (eixo espanhol e eixo “normal”); pedrada; corrida; andar com um arco.
Em termos de vida particular comêssemos com a minha avó.
Nasceu a 28 de Dezembro de 1934 na aldeia de Louriçal do Campo.
O pai morreu aos seus 9 anos nas minas da Panasqueira. Finalizou a 4ª Classe com distinção no exame em Castelo Branco no ano seguinte. Continuou afazer recados à sua professora (fonte buscar água num vaso de barro, etc.)
Mais tarde já depois de ter começado a trabalhar na horta da mãe, “aborreceu-se” desse trabalho e começou a ajudar maioritariamente nas tarefas de casa. Como tinha dois irmãos, fazia malhas (camisolas) e aprendeu a costurar para a roupa dos seus irmãos.
Não arranjou trabalho sendo doméstica.
O meu avô nasceu a 20 de Novembro de 1934 na aldeia de Louriçal do campo.
Finalizou a 4ª Classe aos 12 anos com o exame em Castelo Branco. Terminou mais tarde a 4ª classe “por causa do Codia” (alcunha do seu professor que “andava sempre às marretadas nos alunos” como diz). Tinha uma bolsa de trapos para os livros.
Trabalhou na agricultura (cavar terra “prós pés” (no campo dos outros)). Em 1947 ganhou o seu 1º ordenado (2 escudos) dado pelo seu padrinho (patrão). Mais tarde conseguiu arranjar um emprego sazonal a “esgalhar pinheiros” (limpar a rama velha dos pinheiros) a 7,5 escudos. Embora não interesse muito no trabalho pois já está fora do espaço de tempo, começou a trabalhar no exército no ano de 1955.

 

 
Nesta fotografia podemos observar a família da minha avó quando esta tinha 7/8 anos.


Rodrigo  Baptista

Blog da Turma do 9.º B

Bem-vindos ao Blog da turma do 9.º B, da Escola Cidade de Castelo Branco. 

Neste Blog, "Histórias Revividas" irão ser publicados trabalhos, no âmbito da disciplina de Área de Projecto, acerca de histórias que os familiares dos alunos vão partilhar. São portanto histórias passadas que aqui iremos publicar, para que sejam revividas.

        
                                                                                                                               

                                                                                                                                  A turma do 9.º B.